Como fazer o PGR do RH: Guia completo para uma implantação eficiente

 


A gestão de riscos ocupacionais é um tema cada vez mais presente na agenda do setor de Recursos Humanos, principalmente após a obrigatoriedade do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) estabelecida pela NR-01 do Ministério do Trabalho. Mas você sabe como fazer o PGR do RH de forma estruturada, eficaz e alinhada às melhores práticas do mercado?

Vamos aprender!

O que é o PGR e qual o papel do RH?

O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) é um documento técnico que identifica, avalia e controla os riscos ocupacionais nos ambientes de trabalho. Segundo a NR-01, ele deve conter, no mínimo, o Inventário de Riscos e o Plano de Ação.

Embora tradicionalmente associado à área de Segurança do Trabalho, o RH desempenha um papel estratégico na sua implementação. Como afirma Dutra (2002), “a gestão de pessoas não pode ser dissociada da gestão organizacional, e isso inclui a responsabilidade com a saúde e segurança no trabalho”.

O RH é quem conhece a fundo as funções, os perfis de colaboradores e os processos internos, sendo essencial para mapear riscos psicossociais, organizacionais e ergonômicos muitas vezes negligenciados.

Passo a passo: como fazer o PGR do RH

1. Compreenda o escopo do RH na gestão de riscos

Antes de mais nada, é preciso entender que os riscos do setor de RH não se limitam a riscos físicos. Pelo contrário, é no RH que estão concentrados riscos como:

  • Assédio moral e sexual
  • Burnout e sobrecarga emocional
  • Ergonomia inadequada
  • Conflitos interpessoais
  • Problemas com jornada de trabalho e controle de ponto

Esses riscos devem constar no Inventário de Riscos, junto com sua classificação (probabilidade e severidade) e medidas de controle.

2. Faça o inventário de riscos com foco no setor administrativo

A metodologia mais recomendada para inventariar riscos no RH é a Matriz de Risco, utilizando a abordagem de risco x consequência.

Por exemplo:

Atividade

Risco

Tipo

Probabilidade

Severidade

Medidas de Controle

Atendimento a colaboradores

Estresse emocional

Psicossocial

Alta

Média

Apoio psicológico, treinamentos em inteligência emocional

Jornada extensa

Burnout

Organizacional

Média

Alta

Controle de horas extras, pausas programadas

Trabalho sentado por longos períodos

DORT

Ergonômico

Alta

Média

Cadeiras ergonômicas, pausas, ginástica laboral

O autor Fundacentro (2021) destaca que “os riscos psicossociais devem ser monitorados com a mesma prioridade que os riscos físicos, pois têm impacto direto na saúde mental dos trabalhadores”.

3. Desenvolva um plano de ação estruturado

O Plano de Ação deve listar todas as medidas corretivas, preventivas e de melhoria contínua. Algumas dicas práticas:

  • Implantar canal de denúncia seguro para casos de assédio
  • Estabelecer um programa de saúde mental com psicólogos parceiros
  • Treinar líderes sobre gestão humanizada e resolução de conflitos
  • Promover a ergonomia ativa, com acompanhamento periódico da CIPA
  • Controlar indicadores de absenteísmo e realizar entrevistas de desligamento qualitativas

Essas ações devem ser calendarizadas, com responsáveis definidos e revisadas periodicamente.

4. Use ferramentas digitais para monitoramento contínuo

Soluções como Workday, Sênior Sistemas ou Totvs permitem integrar indicadores de saúde ocupacional com outras frentes do RH, como turnover, produtividade e clima organizacional.

Com dashboards automatizados, o RH consegue monitorar riscos em tempo real e ajustar rapidamente o plano de ação, mantendo o PGR sempre atualizado o que é uma exigência da NR-01.

5. Envie e mantenha atualizado no Esocial

Segundo a Portaria nº 6.730/2020, os eventos de SST (Saúde e Segurança do Trabalho) devem ser informados via ESocial. O RH deve estar em parceria com o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) para garantir que os dados estejam coerentes e atualizados com o PGR.

Dicas de ouro para o RH implantar um PGR de sucesso

  • Participe ativamente da CIPA e das comissões internas
  • Capacite gestores para identificar sinais de risco nos times
  • Estabeleça canais de comunicação com os trabalhadores
  • Crie campanhas educativas periódicas sobre segurança e bem-estar
  • Atualize o PGR ao menos uma vez ao ano ou quando houver mudanças significativas nas atividades

Conclusão

Fazer o PGR do RH é mais do que uma obrigação legal é uma demonstração clara de responsabilidade organizacional e cuidado com as pessoas, um programa bem construído contribui para um ambiente de trabalho saudável, engajado e produtivo.

Como ressalta Chiavenato (2004), “a empresa que cuida de seu capital humano desenvolve vantagem competitiva sustentável”. E isso começa com um RH atuante, preventivo e estrategista.

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