Liderança horizontal e colaborativa: O futuro da gestão de pessoas
Os modelos tradicionais de liderança estão ficando
para trás, em um mundo corporativo cada vez mais dinâmico, complexo e
interconectado, o comando vertical, baseado na autoridade hierárquica, já não
atende às demandas das equipes modernas. Nesse cenário, a liderança
horizontal e colaborativa desponta como uma alternativa mais humana, eficaz
e alinhada aos novos tempos.
Mas o que exatamente significa liderar de forma
horizontal e colaborativa? E como o setor de Recursos Humanos pode promover
essa transformação dentro das organizações?
Neste artigo, vamos explorar os conceitos
fundamentais dessa abordagem, apresentar exemplos reais, citar especialistas no
tema e oferecer dicas práticas para aplicá-la no dia a dia da gestão de
pessoas.
O que é liderança horizontal?
A liderança horizontal é um modelo em que o
poder de decisão e a responsabilidade são mais distribuídos entre os membros da
equipe, ao contrário do modelo hierárquico tradicional, onde as ordens vêm de
cima e a execução acontece embaixo, na liderança horizontal as relações são
mais igualitárias, participativas e colaborativas.
Segundo Frederic Laloux, autor do best-seller Reinventando
as Organizações, “as empresas mais avançadas do mundo estão abandonando a
hierarquia rígida e adotando modelos baseados em autogestão e propósito
evolutivo”.
Isso não significa ausência de liderança pelo
contrário, significa que a liderança é compartilhada, e cada colaborador
assume um papel ativo na construção dos resultados e o líder, nesse modelo,
atua mais como facilitador, mentor e promotor do trabalho em equipe do que como
uma figura autoritária.
Por que adotar a liderança colaborativa?
A liderança colaborativa se apoia em três pilares
principais:
- Autonomia: as pessoas têm liberdade
para tomar decisões dentro de suas responsabilidades.
- Confiança: substitui o controle
rígido por relações baseadas em transparência.
- Cocriação: ideias e soluções são
construídas de forma coletiva, com participação ativa da equipe.
Essa abordagem tem se mostrado altamente eficaz em
empresas que valorizam inovação, agilidade e engajamento, um estudo da McKinsey
& Company revelou que organizações com alto grau de colaboração entre
equipes têm até 5 vezes mais chances de alcançar resultados superiores em
inovação.
Exemplos práticos de liderança horizontal
Empresas como Google, Spotify, Zappos e Valve
são referências na aplicação de estruturas horizontais.
Na Valve, desenvolvedora de jogos, não há
gestores formais, os colaboradores escolhem os projetos em que desejam
trabalhar e são responsáveis por seus próprios resultados. Isso cria um
ambiente de alta autonomia e criatividade.
No modelo “Spotify Squads”, as equipes são
pequenas, multidisciplinares e autônomas, cada squad tem liberdade para decidir
como trabalhar, dentro de uma cultura baseada em alinhamento e confiança. Já no
Brasil, a ThoughtWorks, consultoria de software, adota um modelo de
gestão distribuída, com foco em propósito, inclusão e colaboração entre pares.
Benefícios da liderança horizontal e colaborativa
- Maior
engajamento:
pessoas que têm voz se sentem mais comprometidas com o que fazem.
- Mais
inovação:
ambientes colaborativos favorecem o surgimento de ideias novas.
- Desenvolvimento
de talentos: o
modelo exige mais iniciativa e protagonismo.
- Melhoria
no clima organizacional: a horizontalidade reduz rivalidades e
fomenta o senso de equipe.
- Resiliência
organizacional:
equipes mais autônomas lidam melhor com mudanças e crises.
Desafios e cuidados
Apesar dos benefícios, a liderança horizontal não é
isenta de desafios, ela exige maturidade emocional, clareza de papéis e uma
comunicação eficaz, quando mal aplicada, pode gerar confusão, sobreposição
de funções e falta de direcionamento.
É fundamental que existam acordos claros,
alinhamento de expectativas e uma cultura organizacional que valorize o diálogo
e a escuta ativa. Como alerta Gary Hamel, professor da London Business
School: “A maior ameaça às empresas não é a concorrência, mas a sua
incapacidade de se adaptar por causa de modelos de gestão ultrapassados.”
O papel do RH na construção de uma liderança horizontal
O RH tem um papel estratégico nesse processo de
transformação. Algumas ações essenciais incluem:
1. Revisar as políticas internas
Atualize práticas de avaliação, reconhecimento e
promoção para valorizar a colaboração, e não apenas metas individuais.
2. Promover capacitação em liderança moderna
Invista em treinamentos sobre comunicação não
violenta, inteligência emocional, feedback construtivo e gestão de equipes
autônomas.
3. Descentralizar a tomada de decisão
Estimule líderes e colaboradores a assumirem
protagonismo e resolverem problemas sem depender exclusivamente da alta
liderança.
4. Fomentar uma cultura de segurança psicológica
Colaboradores precisam se sentir seguros para
opinar, errar e experimentar. Sem isso, a colaboração não acontece.
5. Mapear talentos com perfil colaborativo
Desde o recrutamento, avalie se o candidato tem
facilidade para atuar em ambientes abertos, com menos estrutura formal e mais
necessidade de iniciativa.
Dicas para líderes que desejam adotar uma postura mais colaborativa
- Ouça
mais do que fala. Faça perguntas abertas, dê espaço para
contribuições.
- Compartilhe
decisões.
Sempre que possível, envolva a equipe nas escolhas.
- Pratique
o feedback contínuo. E esteja aberto para recebê-lo também.
- Dê
autonomia com responsabilidade. Delegue, mas com clareza sobre objetivos e
critérios.
- Valorize
os acertos coletivos. Reconheça o esforço da equipe, não apenas de
indivíduos.
O futuro é horizontal
A liderança horizontal e colaborativa não é uma
moda passageira, mas uma resposta real às necessidades de um mundo em
constante transformação, empresas que cultivam esse modelo estão mais
preparadas para atrair e reter talentos, inovar com agilidade e se manter
relevantes em um mercado competitivo.
A mudança começa nas pessoas e, portanto, na forma
como lideramos e nos relacionamos com os outros, é hora de trocar o cargo pelo
exemplo, a hierarquia pela confiança e o controle pela colaboração.